Estudo da Unicamp identifica 14 agrotóxicos na chuva, dois deles de uso proibido no Brasil
Um estudo realizado pela Unicamp revelou a presença de 14 agrotóxicos na chuva, sendo dois deles de uso proibido no Brasil. O trabalho analisou amostras coletadas em Campinas, São Paulo e Brotas, com os resultados publicados em uma revista científica renomada. A fiscalização do uso de agrotóxicos tem sido mais rigorosa no estado de São Paulo, em um esforço para garantir a segurança dos recursos naturais e da população.
A pesquisa apontou que os agrotóxicos utilizados nas lavouras acabam se dispersando na atmosfera, condensando-se nas gotas de chuva e retornando ao solo e aos reservatórios de água. A análise da água da chuva em três cidades distintas revelou a presença desses produtos químicos, com destaque para a identificação de dois compostos proibidos no país: o fungicida carbendazin e o inseticida carbofurano.
Segundo Mariana Amaral Dias, pesquisadora da Unicamp, esses produtos foram associados a impactos no sistema reprodutivo e a potenciais efeitos cancerígenos em seres humanos e organismos aquáticos. Além disso, constatou-se que dez dos agrotóxicos encontrados são proibidos na União Europeia, mas permitidos no Brasil, enquanto quatro deles ainda carecem de uma definição segura de concentração na água, de acordo com o Ministério da Saúde.
A legislação brasileira abrange apenas cerca de 10% dos mais de 400 agrotóxicos liberados para uso no país, o que gera uma lacuna informativa sobre os reais impactos dessas substâncias. A pesquisadora Cassina Montagner destaca a importância de alertar a população sobre a presença de agrotóxicos na água da chuva e seus efeitos cumulativos, que podem se manifestar ao longo de vários anos de exposição.
No campo, a utilização de agrotóxicos é essencial para o controle de pragas em culturas como o tomate. Produtores, como Adalberto Freitas, seguem à risca as recomendações da Anvisa sobre a dosagem e aplicação desses produtos, garantindo a qualidade dos alimentos. A fiscalização e regularização do uso de agrotóxicos têm se tornado mais rigorosas em São Paulo, com multas aplicadas para irregularidades desde março de 2024.
Coordenada pela Coordenadoria Estadual de Defesa Agropecuária (CDA), a fiscalização visa assegurar o cumprimento das normas e procedimentos na utilização de agrotóxicos. Os desafios incluem o registro correto dos produtos junto ao Ministério da Agricultura e a comprovação da rastreabilidade e certificação das substâncias utilizadas. O Ministério da Saúde reforça a necessidade de monitoramento constante e práticas agrícolas mais seguras para evitar impactos negativos à saúde e ao meio ambiente.