Hugo Souza explica gosto diferente de volta à Seleção e celebra reencontro com “irmão gêmeo”
Goleiro conta que tentou ver convocação sozinho em banheiro de aeroporto e destaca relação com o zagueiro Alexsandro, outra novidade de Carlo Ancelotti em convocação
Hugo Souza fala sobre o retorno à seleção brasileira
Com frequência os jogadores de futebol recorrem ao clichê de que toda convocação para a seleção brasileira é como se fosse a primeira, tamanha emoção. Porém, para Hugo Souza, a máxima é verdadeira.
Chamado pela primeira vez há quase sete anos, o goleiro volta à Seleção em outras condições: mais experiente, com moral no Corinthians e após superar adversidades e desconfianças.
Essa tem um gosto especial, claro. Por mais que seja a segunda, mas é a primeira consolidada como profissional, realmente destaque. É uma situação totalmente diferente, disse Hugo Souza, em entrevista ao ge.
A primeira convocação dele foi em 2018, quando ainda jogava no sub-20 do Flamengo. Na época, o técnico Tite começou a dar chances a jovens goleiros, de olho no ciclo olímpico.
De lá para cá, Hugo sofreu contestações no Flamengo e foi emprestado ao Chaves, de Portugal, até que voltou Brasil para o Corinthians, clube no qual deu a volta por cima.
O gosto é diferente, o sabor é especial, porque é um sentimento de que eu realmente consegui, sabe? E isso torna especial por tudo que eu ei, por altos e baixos, e conseguir dentro desse último ano e meio aí, achar uma sequência, uma regularidade, manter um bom nível, conseguir desempenhar o melhor do meu futebol, e isso tornou mais especial ainda.
A trajetória de Hugo Souza se assemelha e também se cruza com a de outra cara nova na primeira lista do técnico Carlo Ancelotti. Alexsandro, hoje zagueiro do Lille, atuou na base do Flamengo na mesma época que o goleiro e também defendeu o Chaves, de Portugal, mas em outra época.
Os dois são amigos de longa data e festejaram juntos a oportunidade na Seleção.
Ele jogou comigo no Flamengo, quando a gente era novo. E o que quase ninguém sabe é que o Alexsandro era de um bairro vizinho ao meu. Ele era o cara que morava junto comigo no CT, e a gente ia junto para casa depois dos jogos. Ele frequentava a minha casa, a gente ia cortar cabelo junto, ele foi no meu aniversário, eu fui no dele, relembrou Hugo Souza.
Ele saiu de uma forma bem difícil no Flamengo na base, né? ou por algumas situações bem ruins, quando você vê pessoas querendo diminuir o outro, sabe? E ele ou por isso. Foi para a quarta divisão do futebol português, subiu, subiu, chegou no futebol francês e hoje está na seleção junto comigo. Ele foi o único cara que eu mandei mensagem depois da convocação. Falei assim: olha como é que Deus é bom. Olha tudo que a gente ou, tudo que a gente viveu junto, né?
O fato de ambos serem negros e altos rendia brincadeiras com Hugo e Alexsandro:
Todo mundo falava que eram os gêmeos (risos).
Vivendo bom momento no Corinthians, Hugo Souza ite que já vinha alimentando esperanças de ser convocado desde que Dorival Júnior ainda era o técnico da Seleção.
Durante o anúncio da lista de Carlo Ancelotti, ele até tentou ter um pouco de privacidade, mas não conseguiu.
Na hora da convocação, a gente estava no aeroporto viajando pra Argentina, e eu fui pro banheiro pra ver sozinho. Eu falei: se der errado, eu vou ficar aqui no meu canto e está tranquilo. Só que demora, porque tem toda a apresentação do atleta e tudo mais, e aí eu saio, fico vendo sozinho, sentado no aeroporto. Aí o Matheuzinho encostou do meu lado, viu que eu estava vendo a convocação, o Talles colou do lado também. Aí o Coronado veio do lado, e todo mundo ficou perguntando o que eu estava vendo. Estava todo mundo mais esperançoso do que eu até. E aí chegou uma hora que todo mundo se juntou ali pra ver, e graças a Deus deu certo, a gente comemorou junto.
A Seleção enfrenta o Equador, nesta quinta-feira, às 20h (de Brasília), em Guayaquil. Depois, encara o Paraguai, terça-feira, em um estádio em que Hugo Souza está habituado a jogar: a Neo Química Arena, caso do Corinthians.
